Sabe aquele sentimento de que algo dentro de você nunca realmente se aposenta? Pois é. Eu achava que sim. Achava que aos 58 anos, depois de décadas escrevendo para jornais, eu finalmente poderia descansar. Pendurar a caneta. Guardar o caderninho de anotações.
Mas a verdade é que jornalista não se aposenta. Escritora não se aposenta.
Nós apenas continuamos… Porque escrever não é profissão. É jeito de respirar.
O Silêncio que Gritava
Quando me aposentei, há dois anos, pensei: “Pronto, Berta. Agora é hora de descansar. De cuidar dos netos. De fazer aquela receita de bolo de fubá que a vovó ensinou. De regar as plantas sem pressa.”
E eu fiz tudo isso. E foi lindo.
Mas sabe o que aconteceu? O silêncio começou a gritar.
Eu acordava com ideias na cabeça. Via uma cena na rua e já estava mentalmente escrevendo uma crônica. Ouvia uma história no mercado e pensava: “Isso daria um texto maravilhoso!”
Aí eu corria para o computador. Abria o Word. E escrevia. Escrevia. Escrevia.
Crônicas sobre a vida. Sobre envelhecer. Sobre ser mãe. Sobre ser avó. Sobre aquela vez que trabalhei na mercearia da minha tia na Mooca e aprendi que toda compra vem com uma história junto.
Escrevia receitas. Não só de comida, mas de como acalmar a alma numa tarde difícil. De como transformar uma sexta-feira comum numa celebração.
Escrevia cartas imaginárias para as minhas filhas gêmeas. Para o meu filho. Para o meu neto de cinco anos, que um dia vai ler e entender por que a vovó sempre anotava tudo.
Mas sabe onde tudo isso ficava? Na gaveta digital. No meu computador. Só meu. Só para mim.
O Ultimato da Minha Filha
Foi numa tarde de domingo, dessas em que a família se reúne para almoçar e fica até o café da tarde virar janta.
Eu estava na cozinha, preparando meu arroz de forno (que, por sinal, vai estar aqui no blog em breve, prometo!), quando a minha filha entrou e disse:
“Mãe, quantas crônicas você já escreveu desde que se aposentou?”
Eu ri: “Ah, filha, umas cinquenta? Talvez mais?”
“E onde estão?”
“No meu computador.”
“E quem lê?”
Silêncio.
Ela continuou, com aquele jeito dela, firme mas carinhoso: “Mãe, você passou a vida inteira escrevendo para as pessoas. Você é JORNALISTA. É ESCRITORA. E agora está escrevendo só para o Word?”
Eu tentei argumentar: “Mas quem vai querer ler o que uma senhora de 60 anos tem a dizer?”
Ela me olhou nos olhos e disse algo que mudou tudo:
“Mãe, você passou quase 30 anos escrevendo o que OUTROS queriam que você escrevesse. Notícias. Reportagens. Artigos encomendados. Agora, pela primeira vez na vida, você pode escrever o que VOCÊ quer. Do jeito que VOCÊ sente. E você está guardando isso numa gaveta?”
Pronto. Foi como se ela tivesse acendido uma luz que eu nem sabia que estava apagada.
Três Meses de Perrengue (e Amor)
Eu topei. Na hora. Com o coração acelerado e as mãos tremendo de empolgação.
“Vamos fazer um blog!”, disse.
O que eu não sabia era o tamanho do desafio. Porque, minha gente, tecnologia e eu temos uma relação… complicada.
Aprendi a usar WordPress. Aprendi o que é SEO (ainda não sei direito, mas estou aprendendo!). Aprendi a escolher fontes. Cores. Layouts. Detalhe: foi Anelíse que me ensinou tudo, e ainda me ensina.
Teve dia que eu queria desistir. Que eu olhava para a tela e pensava: “Berta, você está velha demais para isso.”
Mas aí eu lembrava: comecei a faculdade de jornalismo aos 20 anos. Engravidei do meu filho mais velho, fiz meu papel de mãe, pausei a faculdade, engravidei de novo, veio gêmeas, aí cuidei dos 3 filhos, voltei a estudar. Se eu consegui me formar aos 35, pausando e voltando mil vezes… eu consigo isso também.
E aqui estamos.
☕ O Que Você Vai Encontrar Aqui
Este blog é meu coração aberto. Minha gaveta escancarada. Meu cafezinho com você.
Aqui você vai encontrar:
- Crônicas da Vida Real: Sobre envelhecer com dignidade (e humor). Sobre ser mãe de adultos. Sobre ser avó. Sobre casamento de 40 anos. Sobre saudade. Sobre recomeços.
- Receitas que Curam a Alma: Não só de comida. Mas também de como se acalmar. Como se reconectar. Como transformar o comum em especial.
- Memórias de uma Jornalista: Histórias dos meus anos escrevendo. Das reportagens que me marcaram. Das pessoas que conheci. Da Vila Mariana dos meus tempos de criança.
- Cartas para Quem Eu Amo: Para meus filhos. Para meu neto. Para você, que está lendo.
- Dicas para a Mente Leve: Porque aos 60, aprendi algumas coisas sobre como viver melhor. E quero compartilhar.
- Histórias dos Seguidores: Histórias reais e emocionantes compartilhadas pela nossa comunidade, dando palco às experiências de vida de quem me acompanha.
- Nosso Podcast: Onde reflexões e crônicas ganham vida em áudio, com bastidores e aprofundamento dos temas que discuto aqui.
Por Que “Histórias & Afeto”?
Porque é isso que eu faço. Sempre fiz.
Desde menina, na mercearia da minha tia, eu ouvia histórias. Dona Maria contava sobre o marido que foi para a guerra. Seu Joaquim contava sobre a infância no interior. Dona Rita contava sobre a filha que casou longe.
E eu guardava tudo. Cada história. Cada detalhe.
Quando me tornei jornalista, percebi: meu trabalho não era só informar. Era CONECTAR. Era pegar uma história e transformá-la em algo que tocasse o coração de quem lesse.
E agora, depois de me aposentar, descobri que ainda tenho tanto a dizer. Tanto a compartilhar.
Não mais notícias do dia. Mas histórias da vida. Com afeto. Com verdade. Com alma.
Um Convite
Se você chegou até aqui, já sabe: este não é um blog comum.
É um lugar de encontro. De prosa. De café quentinho e conversa boa.
Pode vir de pijama. De chinelo. Com o cabelo bagunçado.
Aqui não tem julgamento. Só acolhimento.
Quero que este seja o nosso cantinho. Onde você vem quando precisa de uma palavra amiga. De uma história que te faça sorrir (ou chorar, vai depender do dia). De uma receita que aqueça não só o corpo, mas o coração.
E se você quiser, pode deixar seu comentário. Sua história. Sua receita.
Porque escrever sozinha era bom. Mas escrever COM vocês? Isso é o que sempre sonhei.
❤️ Obrigada
Obrigada por estar aqui. Por dar uma chance para essa senhora de 60 anos que ainda tem muito a dizer. Dando vida a palavras que estavam guardadas há tanto tempo.
Obrigada às minhas filhas, que me empurraram (com amor) para fora da zona de conforto.
Obrigada ao meu filho, que sempre acreditou que eu tinha mais a oferecer.
Obrigada ao meu marido, que me apoia em cada loucura que resolvo fazer.
Obrigada ao meu neto, que me lembra todo dia que a vida é sobre ser autêntico, ser curioso, ser criança de coração.
Bem-vindo ao Blog da Berta Cortéz.
Bem-vindo ao nosso cantinho de Histórias & Afeto.
Prepara o café. A prosa vai ser longa.❤️
Gostou? Deixe seu comentário aqui embaixo. Quero saber: o que você guarda na sua “gaveta digital”? O que você ainda não teve coragem de compartilhar com o mundo?
Vamos conversar. Estou aqui. Com o cafezinho pronto e o coração aberto.